Capítulo XXXIX Como fazer uma cerimônia de
casamento ou de compromisso:
Os
momentos especiais de nossa vida devem ser marcados com festividades e cerimônias
de passagem, isso ajuda na nossa organização psíquica e fazem com que momentos
felizes sejam lembrados por muito mais tempo.
Rituais e
cerimônias de união ou casamento são feitas a muito tempo, das mais diversas
formas e seguindo as mais diversas tradições e religiões.
As minhas
preferidas são as celtas, havaianas, ciganas, budistas, vikings, católicas,
gregas e egípcias antigas, mas há muitas outras como as americanas modernas, as
gaúchas e as temáticas de toda espécie.
Hoje as
pessoas estão mais evoluídas intelectualmente, livres de muitos dogmas e preconceitos
e dispostas a novas experiências. Então vem à vontade e a oportunidade de
viverem novas sensações de uma forma mais mágica e lúdica.
Além
disso, temos também a amplitude cultural, trazida pela globalização e pelos
filmes, livros, documentários e viagens que os jovens e inovadores não tinham
há poucos anos atrás. Disso tudo surge minha mais nova ocupação –
cerimonialista de casamento
Estudei
sobre religiões e culturas antigas, fiz uns cursos pela internet, visitei
alguns casamentos diferentes, conversei com alguns profissionais da área de
eventos juntei tudo com minhas experiências vividas e vamos ver no que isso
dará.
Como não me
considero muito mesquinho vou socializar uma boa parte da minha dinâmica de cerimônia
com vocês para quem quiser ter um conhecimento além do convencional:
Vamos aos
ingredientes:
1.
Local apropriado de preferência ao ar livre ou local especial para você. Pode
ser um casarão antigo, uma cachoeira, uma grande arvore no meio do campo, praia
a beira mar ou até mesmo o salão de festas do condomínio, quanto mais
interessante melhor.
2.
Um mestre de cerimônias (alguém que você considere relevante e habilitado).
3. Alguns
objetos místicos e ou simbólicos, conforme o quadro abaixo).
4. Convidados
especiais (alguns serão testemunhas e todos os convidados de alguma forma ou de
outra participaram efetivamente do momento).
5. O
mais importante de tudo é o amor... “há
que bonitinho”.
Vamos
começar dizendo que esta cerimônia não é uma cerimônia religiosa ou jurídica,
mas um momento especial de união e alegria.
Momentos a
partir das pessoas já no lugar da cerimônia:
1º - A
entrada do mestre de cerimônias, suas saudações e orientações aos presentes. A cerimônia
é um ritual sério, mas nem por isso será sisuda e chata, mas também não será
uma palhaçada como um casamento caipira ou show de stam dap comedy, será um
momento alegre com lágrimas e risos e o mestre de cerimônias é o grande
responsável por conduzir tudo de forma leve, harmoniosa e alegre, pois este
momento é muito especial para o casal e as pessoas de sua relação.
2º - A
entrada das pessoas escolhidas para apadrinhar a cerimônia, seis ou sete
pessoas, (pessoas não casais) – cada pessoa será escolhida pelos celebrados
(noivos ou protagonistas) conforme suas características especiais e cada uma
delas ira portar um elemento simbólico materializado em um objeto que será
posto ao altar ou mesa de cerimônia para ser simbolizado e usado na Cerimônia
de casamento/compromisso.
Jarro com
água, Castiçal com vela branca, Saleiro, Açucareiro, Cálice, Espada e Bíblia.
3º -
Entrada do noivo – sozinho, com a sua mãe ou alguém que julgar oportuno no
momento.
4º -
Entrada da noiva – sozinha, com o pai ou alguém que julgar oportuno também.
5º -
Entrega da noiva ou noivo – palavras do entregador.
6º -
Acolhimento dos celebrados pelo mestre de cerimônias que convida elegantemente
as pessoas que não estão em harmonia com a celebração e não estão
verdadeiramente dispostas a festejar esta união que se manifestem alegando suas
razões ou se retirem do recinto de forma discreta e sutil, então é feita uma
entonação de mantra budista de energias boas e positivas por todos.
7º -
Colocação dos elementos na mesa de cerimônias - um a um os objetos serão
apresentados pelos padrinhos e elucidados pelo M.C (mestre de cerimônias) veja
tabela logo à frente.
Neste momento
o M.C agradece cada padrinho e explica o porquê de sua escolha como padrinho e
ou madrinha dos noivos e o simbolismo de cada objeto e elemento relacionado ao
seu perfil.
É um
momento bonito de reconhecimento e gratidão dos noivos que veem em seus padrinhos
e madrinhas individuais o quando cada uma representa a eles.
Observação:
o padrinho ou madrinha responsável pela vela deve acendê-la.
OBJETOS
TRAZIDOS PELOS PADRINHOS
|
||
Pessoa/perfil
|
Elemento
|
Representação
|
1ª -
Pessoa de fé, alguém que entenda da presença e da importância de Deus.
(de preferência
religioso ou religiosa)
|
Fogo –
castiçal solitário com uma vela forte e de consistência que produza uma chama
boa e visível a todos – esta pessoa ascendera à vela quando for chamada a
entrega-la no altar.
|
Luz a
iluminação o poder do fogo e a representação divina - Elemento da natureza.
Para os
havaianos o Deus mais poderoso era o do vulcão “fogo”
|
2ª -
Pessoa pura, leve, ativa, meiga, amorosa.
(de preferência
uma criança ou jovem)
|
Água –
jarro ou garrafa de vidro transparente com mais ou menos ½ litro de água pura
na temperatura ambiente
|
A vida,
a origem da natureza, a base elementar – Elemento da natureza. A renovação da
vida.
|
3º -
Pessoa experiente vivida, alguém que tenha passado por dificuldades e tenha
sentido o amargo da vida.
(de preferência
alguém maduro ou velho)
|
Sal –
saleiro simples de louça ou vidro com algumas gramas de sal fino. Elemento
terra
|
O gosto
da vida, o tempero, a diferenciação, o soldo do trabalho, o sabor a ser
experimentado e o remédio amargo.
Os
guerreiros romanos recebiam seus salários em sal – por isso eram chamadas de
soldados.
|
4ª -
“Advinha!” – uma pessoa doce, meiga amiga,
|
Açúcar –
açucareiro simples de louça ou vidro com algumas gramas de açúcar refinado.
Elemento terra também
|
Refinamento,
a evolução da matéria, a alquimia do mutável, sabor da festa, a doçura da mãe
natureza.
|
5ª -
Pessoa bela, com bom físico, de boas formas e saudável.
|
Cálice – o
gral o corpo humano que vai se encher o elemento “ar” o vento, o nada que
pode ser tudo.
|
O
ventre, o estado físico o que vai ser preparado o que pode mudar e
transformar.
|
6ª -
Pessoa justa e verdadeira, alguém honesto e integro que conheça e saiba da
lei dos homens.
(de preferência
alguém ligado à justiça ou militar)
|
Espada –
espada de verdade templária de preferência, de ferro ou aço pesada, mas não
afiada.
|
A
orientação e a justiça divina, os mandamentos, a retidão de caráter e da
conduta e a punição dos errados. Lei e ordem. A deusa grega da justiça e o
anjo vingador dos católicos são portadores de espadas.
|
7ª –
Pessoa sábia e estudada alguém que conhece muito sobre as ciências e as
pessoas (um professor ou intelectual) em substituição pode ser o próprio
mestre de cerimônias
|
Livro
da lei - bíblia
|
As
escrituras sagradas os ensinamentos dos ancestrais e a palavra de esperança e
fé enfim a organização lembrança registrada
|
OBJETOS
TRAZIDOS PELOS NOIVOS
|
||
O noivo
|
Pão – um
ou dois pães franceses simples trazidos num “certinho“ aqueles tipo cesto de
ovinhos de páscoa.
|
O
sustendo, o alimento do corpo, o compromisso com a família, a
responsabilidade com o suporte material e financeiro da casa e do clã.
|
A noiva
|
Flores – um
pequeno buque com flores naturais conforme a escolha da noiva
|
A
germinação, a fertilidade, a força renovadora da natureza a beleza, o
carinho, a delicadeza e a harmonia do lar.
|
OBJETO
TRAZIDO POR OUTROS
|
||
Livre
escolha dos noivos (os noivos ou pais, aio (a), padrinhos, cachorro, robô,
alienígena etc.).
|
Alianças – de preferência
ouro.
|
A união
e o compromisso - a nobreza e os valores da relação a dois.
|
8º - Os
noivos também fazem suas contribuições ao altar: - a noiva entrega ao noivo seu
buque de flores com o qual ela entrou no recinto de cerimônia e o noivo entrega
a noiva seu cesto com pão que equivale a um boque de flores só que na versão
masculina eles devem apreciar brevemente seus presentes simbólicos trocados e
dispô-los no altar, as flores ficaram postas pelo noivo próximas à vela como se
Deus observa-se seu gesto de gratidão agradecendo o carinho recebido da amada e
a noiva coloca o pão junto à água num gesto simbólica para que o pão sempre se
renove e reviva em sua presença.
9º - Com
os noivos já nas suas posições em frente ao altar e com suas mãos dadas um ao
outro o M.C propõe uma oração ecumênica que pode ficar a cargo do 1º padrinho
ou do próprio M.C. que logo após a oração pede a bênção e a aceitação de todos
os convidados ao casal.
10º - A
celebração ritualística começa com o significado do casamento e da união e pede
a permissão dos noivos para que ele “o M.C” realize o ritual de união entre os
dois.
11º Ritual
da escolha – o mestre convida os homens e mulheres solteiros e solteiras,
adolescentes ou maduros para virem até a frente e se colocarem perfilados em
frente aos noivos, divide-os por gêneros e pede à nova que observe bem os
rapazes presentes, fala sobre a quantidade e diversidade de homens no mundo e a
questiona de forma humorada mais eloquente sobre a certeza de sua decisão após
sua resposta faz o mesmo com o noivo dando-lhe a observação das moças
presentes. É um dos momentos mais alegres da festa.
12º - Ritual
da água - será servido aos noivos no cálice, água salgada e água doce nesta
ordem e para ambos em uma analogia e em referencia a vida conjugal com suas
dificuldades e sucessos. (textos e citações a cargo do M.C)
13º - Ritual
da espada – uma espada pesada será posta suavemente sobre a cabeça dos
celebrados, um de cada vez que neste instante estarão de joelhos simbolizando a
humildade, então será lembrado a eles sobre o poder da justiça e da lei dos
homens suas responsabilidades de marido e de mulher protetores e dignos frente
à sociedade e seu país e o peso que terão que sustentar em suas mentes para que
sintam que terão que cumprir as leis, mesmo não estando fazendo uma cerimônia convencional.
14º
- Ritual da promessa (bíblia) com a mão posta sobre a bíblia cada um dos
noivos fará seu juramento de fidelidade, dignidade e honra frente a todos os
presentes e ao futuro cônjuge.
(o texto
pode ser o mesmo usado nos casamentos tradicionais ortodoxos ou elaborado de
forma reduzida pelo M.C conforme o pedido dos noivos).
15º - Ritual
das alianças – isso é bem típico e original (conforme a vontade dos noivos)
e é aqui que são feitos os votos de cada um. Então o mestre de cerimônias
autoriza que ambos se beijem já como marido e mulher e pede a todos uma grande
salva de palmas.
16º - Por
fim o M.C recolhe o buquê da mesa e cumprimenta os celebrados: ao noivo será
oportunizado um tapa no rosto, com “força moderada” o qual ele deve aceitar com
tranquilidade como era feito nos batismos de cavaleiros da idade média para que
ele lembre do que foi dito neste dia, seguido de um forte e fraterno abraço. A
noiva e também cumprimentada com a entrega de seu buquê e um beijo na testa
como um pai que admira e ama sua filha.
17º - Ao
final da cerimônia os noivos, os padrinhos, madrinhas, os pais, e o mestre de cerimônias
assinam um registro de união estável que pode ser registrado em cartório para
fins de seguridade social ou registro para documentação trabalhista.
É óbvio
que as situações, objetos e pessoas podem mudar, podemos acrescentar ou tirar
elementos e ritos, mas é importante que tudo esteja em harmonia e seja tratado
com respeito e elegância pelo mestre de cerimônias.
A ideia
não é tirar a importância e a credibilidade das cerimônias religiosas e
documentais, mas dar a oportunidade às pessoas que não querem ser hipócritas de
aparecer numa igreja só na hora de casar e também lembrar que cerimônias de
casamento não devem ser pro formas obrigatórias e caras. E outra – se o capitão
de um navio, um diácono que fez um cursinho de duas horas ou alguém que se
intitulou pastor de alguma igreja qualquer pode realizar uma cerimônia de
casamento, então por que um pai de família, mestre respeitado e mesmo estudante
respeitador das tradições culturais da humanidade não podem realizar uma cerimônia
ética e dar sua benção a um casal de livres pensadores.
Nenhum comentário:
Postar um comentário